segunda-feira, junho 19, 2006

Ser professor hoje....


Aspectos que toda a gente parece ignorar sobre a profissão de professor e que será bom esclarecer:
Esta é uma profissão em que a imensa maioria dos seus agentes trabalha (em casa e de graça, entenda-se) aos sábados, domingos, feriados, madrugada adentro e muitas vezes, até nas férias! Férias, sim, e sem eufemismos, que bem precisamos de pausas ao longo do ano para irmos repondo forças e coragens. De resto, é o que acontece nos outros países por essa Europa fora, às vezes com muito mais dias de folga do que nós: 2 semanas para as vindimas em Setembro/ Outubro, mais duas para a neve em Novembro, 3 no Natal e mais 3 na Páscoa , 1 ou 2 meses no verão.
É a única profissão em que se tem falta por chegar 5 minutos atrasado (também neste caso, exigirá a senhora Ministra um pré-aviso com 5 dias de antecedência?)
É uma profissão que exclui devaneios do tipo “hoje preciso de sair meia hora mais cedo”, ou o corriqueiro “volto já” justificando a porta fechada em horas de expediente.
É uma profissão que não admite faltas de vontade e motivação ou quaisquer das 'ronhas' que grassarão, por exemplo, no ME (quem duvida?) ou na transparente AR.
É uma profissão de enorme desgaste. Ainda há bem pouco tempo foi divulgado um estudo que nos colocava na 2ª posição, a seguir aos mineiros, mas isto, está bom de ver, não convém a ninguém lembrar… E olhe que não, senhor secretário de estado, a escola da reportagem da RTP1 não é, nem de longe, caso “único, circunscrito e controlado”!
É uma profissão que há muito deixou de ser acarinhada ou considerada, humana e socialmente. Pelo contrário, todos os dias somos agredidos – na nossa dignidade ou fisicamente (e as cordas vocais não são um apêndice despiciendo…) , enxovalhados na praça pública, atacados e desvalorizados, na nossa pessoa e no nosso trabalho, em todas as frentes, nomeadamente pelo “patrão” que, passe a metáfora económica tão ao gosto dos tempos que correm…, ao espezinhar sistematicamente os seus “empregados” perante o “cliente”, mais não faz do que inviabilizar a “venda do produto”
É uma profissão em que se tem de estar permanentemente a 100%, que não se compadece com noites mal dormidas, indisposições várias (físicas e psíquicas) ou problemas pessoais …
É uma profissão em que, de 45 em 45, ou de 90 em 90 minutos, se tem de repetir o processo, exigente e desgastante, quer de chegar a horas, quer de "conquistar" , várias vezes ao longo de um mesmo dia de trabalho, um novo grupo de 20 a 30 alunos (e todos ao mesmo tempo, não se confunda uma aula com uma consulta individual ou a gestão familiar de 1, 2, até 6 filhos...)
É uma profissão em que é preciso ter sempre a energia suficiente (às vezes sobre-humana) para, em cada turma, manter a disciplina e o interesse, gerir conflitos, cumprir programas, zelar para que haja material de trabalho, atenção, concentração, motivação e produção. (Batemos aos pontos as competências exigidas a qualquer dos nossos milionários bancários, dos inefáveis empresários, dos intocáveis ministros! Ao contrário deles, e como se não bastasse tudo o que nos é exigido (da discrepância salarial e demais benesses não preciso nem falar) …
ainda somos avaliados, não pelo nosso próprio desempenho, mas pelos sucessos e insucessos, os apetites e os caprichos dos nossos alunos e respectivas famílias, mais a conjuntura política, económica e social do nosso país!
Assim, é bom que a “cara opinião pública" comece a perceber por que é que os professores "faltam tanto":
Para além do facto de, nas suas "imensas" faltas, serem contabilizadas também situações em que, de facto, estão a trabalhar :
no acompanhamento de alunos em visitas de estudo,
em acções, seminários, reuniões, para as quais até podem ter sido oficialmente convocados,
para ficarem a elaborar ou corrigir testes e afins , que não é suficiente o tempo atribuído a essas tarefas ,
ou, como vem sucedendo ultimamente, a fazerem (em casa, que é o sítio que lhes oferece condições) horas e horas não contabilizadas do obrigatório “trabalho de escola”….
Para além disto, e não é pouco, há pelo menos, como acima se terá visto, toda uma lista de 10 boas e justificadas razões para que o façam.

Uma professora que, por achar que - em termos de políticas educativas e laborais deste governo dito socialista – estamos muito pior que no tempo do Salazar , não arrisca identificar-se…

segunda-feira, maio 22, 2006

Festa do 4.º Domingo

Em tempos muito antigos, em plena Idade Média, havia os "clamores", que eram procissões que as populações faziam aos santuários mais importantes, para pedirem a Deus, "clamando", que as libertasse das pragas, das pestes, da fome e lhes concedesse a abundância de colheitas nos seus campos. Os documentos dessa época referem que a igreja de Cárquere era uma das ermidas principais da diocese, que eram visitadas com esses "clamores". Nessa época, durante o mês de Maio, vinham grandes trovoadas com chuvas muito fortes que destruíam as culturas agrícolas. O povo de cada freguesia deslocava-se, em procissão de penitência, aos sítios mais altos, os "Ladários", pedindo a Deus perdão pelos seus pecados e implorando a bênção para os campos e culturas. Em cada freguesia havia três procissões de penitência, eram os dias das Rogações ou Ladainhas. A que se fazia em Cárquere, no 4.º domingo de Maio, era a última, e ali se juntavam as de todas as freguesias. Tais procissões levantavam nas igrejas locais e percorriam o trajecto até à igreja de Cárquere. Essas procissões levavam nas suas cruzes espigas de trigo, de milho e outros frutos da terra, como forma de agradecimento a Deus por essas colheitas. A essa procissão era obrigatório ir uma pessoa de cada casa e quem não pudesse ir pagava a quem o substituísse. Em 1758, o reitor de Santa Maria de Cárquere, respondendo às Inquirições Paroquiais, afirmou que, no 4.º domingo de Maio, vinham ali 11 freguesias com a sua cruz, por obrigação muito antiga, e que na 1.ª segunda-feira de Junho vinham as freguesias de Magueija e de Penude, trazendo, por obrigação, alguma cera para Nossa Senhora de Cárquere, sendo o pároco de Cárquere obrigado a dar, a cada uma das freguesias, 1 almude de vinho e 50 réis em dinheiro. Com o andar dos tempos, a freguesia de Cárquere começou a aproveitar esse dia para celebrar a festa da sua padroeira, Nossa Senhora de Cárquere. E assim começaram a aparecer as bandas de música e os foguetes, o que ainda hoje se mantém. Trata-se de uma festa puramente religiosa, onde não é permitido qualquer arraial nocturno. Este ano, a Peregrinação do Concelho de Resende a Nossa Senhora de Cárquere, também chamada Festa do 4.º Domingo, terá lugar nó próximo dia 28 de Maio e o programa é o seguinte: às 08 horas - Missa na capela de Santa Luzia e procissão até à igreja. Às 09h,30m - Chegada de S. Ex.ª Rev.ª o senhor Bispo de Lamego e do senhor Presidente da Câmara d Resende, com o hastear da bandeira e o toque do hino nacional pelas bandas de S. Cipriano. Às 10 horas - toque tradicional dos sinos a repique e organização das procissões das freguesias. Às 10h,45m - Início das procissões das freguesias com o cantar das Ladainhas a todos os santos, pedindo a protecção divina para os campos e culturas. Às 11 horas - Missa Campal. Às 17 horas - Procissão do Santíssimo. O dia será abrilhantado pelas bandas de S. Cipriano " A Nova" e "A Velha", juntamente com sessões de fogo de artifício. Na semana que antecede a festa haverá pregação todos os dias, de manhã e à noite. Na véspera realizar-se-á a Festa da Catequese, com a Cerimónia da 1.ª Comunhão.

terça-feira, abril 25, 2006

Reflexões sobre o 25 de Abril


Passados que estão 32 anos após a Revolução do 25 de Abril de 1974, gostaria de tecer algumas considerações sobre este tão importante marco da história de Portugal.
Este acontecimento foi uma autêntica charneira entre o passado e o futuro.
O 25 de Abril não foi importante apenas para aqueles que o viveram, mas também e, talvez sobretudo, para as gerações mais novas que já nasceram em pleno gozo da liberdade. Para estas é natural que lhes pareça impossível uma sociedade, em plena Europa Ocidental, onde o divórcio era reprimido, onde as mulheres não tinham os mesmos direitos que os homens, onde havia livros, filmes e canções proibidas, onde as artes eram censuradas, onde a comunicação social era controlada, onde não havia liberdade de expressão, onde a maioria da população vivia na pobreza, onde só uma minoria tinha acesso à educação, onde não havia auto-estradas… A maioria dos que tinham, nessa altura, uma vida activa defendem fervorosamente a democracia trazida pelo 25 de Abril. Lembro-me, apesar da minha tenra idade, que nesse dia, na escola onde frequentava o ensino primário (Escola de Passos – Cárquere), o meu professor ter soltado um desabafo de alegria, em casa o meu avô acompanhava, através do seu rádio a pilhas, tudo o que se ia passando em Lisboa e os comentários iam surgindo por aqui e por ali: “Até que enfim que esta m… acabou!
Efectivamente tratou-se de um acontecimento tão marcante no nosso devir histórico que sempre se fala e falará num antes e num depois do dia em que os jovens capitães do MFA, interpretando as aspirações de um povo que há 48 anos vinha sendo oprimido pela mais antiga ditadura da Europa Ocidental, derrubaram um governo e um regime completamente ultrapassados no tempo, abrindo as portas à democracia.
O facto de me poder exprimir desta forma e deixar aqui a minha opinião é um bem que me foi concedido pelo 25 de Abril. Ao defender a democracia, baseio-me no facto de, ao longo da história não encontrar-mos melhor regime para o homem poder garantir o respeito por si e pelos outros. A revolução do 25 de Abril diferiu de muitas outras revoluções da nossa história, pois trouxe-nos a alegria da liberdade.
Nesta perspectiva defendo o 25 de Abril como causa de todas as transformações que se verificaram nas últimas três décadas em Portugal: o fim da Guerra Colonial e a Descolonização, a adesão à União Europeia e a implementação de um Economia de Mercado. Com o 25 de Abril, os portugueses perderam a vergonha de o serem, quando, sobretudo no estrangeiro, eram confrontados com as observações e as críticas que visavam um regime de modelos caducos e cada vez mais isolado no âmbito internacional. Hoje somos uma sociedade muito diferente e muito melhor. Evoluímos mais nestes 32 anos do que em qualquer altura do século XX e como em poucos momentos dos nossos quase 900 anos de história. Segundo dados do INE, há 32 anos cerca de metade dos lares portugueses não tinha água canalizada e mais de um terço não dispunha sequer de electricidade. Em matéria de saneamento básico, a evolução foi abismal. De país de emigrantes, transformámo-nos em país de imigrantes. Nos últimos 32 anos, a emigração portuguesa reduziu-se a valores praticamente insignificantes. No sector da saúde, a revolução trouxe direitos sociais para todos. Tudo aumentou, o número de centros de saúde, de médicos e de pensionistas. E o Estado Providência começou a crescer. No sector da educação, o ensino superior subiu de tal forma que quase se deu uma corrida ao canudo. Mas ainda existem cerca 800 000 portugueses que não sabem ler nem escrever.
No entanto, tenho consciência plena de que esta transição não foi perfeita. Questionar-me-ão se todas estas transformações forma perfeitas. Evidentemente que não, mas provavelmente nenhum outro país evoluiu social e politicamente tanto em tão curto espaço de tempo.
Afirmam alguns que o espírito de Abril ainda não se cumpriu em absoluto. Pois continuam os problemas na saúde, no emprego, na educação, na velhice, … e que nalguns casos até se têm agravado. A nossa juventude esgota as causas por que luta nos protestos contra as propinas. A abstenção é, desde há vários anos, o maior partido eleitoral português.

quarta-feira, abril 12, 2006

Supremo iliba mulher acusada de maus tratos a deficientes


Uma responsável de um lar de crianças com deficiências mentais, acusada de maus tratos a vários menores, foi absolvida pelo Supremo Tribunal de Justiça, que considerou «lícito» e «aceitável» o comportamento da mulher.
A mulher tinha sido indiciada por diversas situações, desde dar palmadas e estaladas às crianças, até fechá-las em quartos escuros quando elas se recusavam a comer. Apenas foi condenada com pena suspensa por, pelo menos duas vezes, ter amarrado os pés e as mãos de um menino de sete anos, como forma de evitar que saísse da cama e perturbasse o seu sono.
O Ministério Público recorreu, mas não lhe foi dada razão. O Supremo alegou que fechar crianças em quartos é um castigo normal de «um bom pai de família» e que as estaladas e as palmadas se não forem dadas até podem levar à «negligência educacional».
«Qual é o bom pai de família que, por uma ou duas vezes, não dá palmadas no rabo dum filho que se recusa ir para a escola, que não dá uma bofetada a um filho (...) ou que não manda um filho de castigo para o quarto quando ele não quer comer? Quanto às duas primeiras, pode-se mesmo dizer que a abstenção do educador constituiria, ela sim, um negligenciar educativo. Muitos menores recusam alguma vez a escola e esta tem - pela sua primacial importância - que ser imposta com alguma veemência. Claro que, se se tratar de fobia escolar reiterada, será aconselhável indagar os motivos e até o aconselhamento por profissionais. Mas, perante uma ou duas recusas, umas palmadas (sempre moderadas) no rabo fazem parte da educação», afirmaram os juízes, num acórdão proferido na semana passada.
A responsável trabalhava no lar residencial do Centro de Reabilitação Profissional e o Tribunal provou que, entre 1990 e 2000, a arguida trabalhou no local e fechou frequentemente um menor de sete anos (que sofria de psicose infantil muito grave) na despensa com a luz apagada, para que ele ficasse menos activo.
Os mesmos tribunais, de Setúbal e o Supremo, consideraram ainda que se tinha provado que um quarto menor deficiente ficou «de castigo num quarto sozinho quando não quis comer a salada à refeição, tendo aquele ficado a chorar por ter medo». Mesmo assim, disseram os juízes que era tudo normal e que não se podia falar de comportamento reiterado.
«A gravidade inerente às expressões maus tratos e tratamento cruel constitui, ela sim, o elemento que nos leva à improcedência deste recurso. É que, quanto a estes menores, não só não se atinge tal gravidade, como os actos imputados à arguida devem, a nosso ver, ser tidos como lícitos. Na educação do ser humano justifica-se uma correcção moderada que pode incluir alguns castigos corporais ou outros. Será utópico pensar o contrário e cremos bem que estão postas de parte, no plano científico, as teorias que defendem a abstenção total deste tipo de castigos moderados», concluíram os juízes, mantendo então a pena aplicada pelo tribunal de primeira instância à arguida, por ter amarrado os pés e as mãos da criança: dezoito meses de prisão, suspensos por um ano.

domingo, março 12, 2006

Casa do Benfica de Resende tem novos Corpos Sociais


As eleições para os novos Corpos Sociais da Casa do Benfica de Resende realizaram-se no dia 4 de Março. A estas eleições apresentou-se uma única lista. A tomada de posse teve lugar às 21 horas e 30 minutos do dia 10 de Março. A nova Assembleia-Geral é constituída por Albino Coelho, presidente; Marco Sérgio da Fonseca Cardoso, vice-presidente; Corálio Fernando Santana, primeiro secretário; José Pereira Sala, segundo secretário; e Albino Costa, vogal. O novo Conselho fiscal é constituído por José Francisco Pinto, presidente; António José Almeida Fonseca, vice-presidente; José António almeida Pinto António, secretário; Maria Aldina Félix Madureira Joaquim, primeira suplente; e André Barrosa Pereira, segundo suplente. A nova Direcção é constituída por Silvério Joaquim da Silva Guedes, presidente; Jorge Armando Pinto Loureiro, vice-presidente; Vítor Manuel Dias Ferreira, director administrativo e financeiro; Joaquim Jorge Pinto Coelho, director de instalações e equipamento; Rafael Pinto, director de actividades desportivas; António Fernando dos Santos Ferreira, director de actividades culturais; e por António Almeida Pereira, Elisabete Eufémia Sousa Pereira, Célia Antonieta de Sousa e Melo, José Manuel Pinto Trindade e Luís António Martins Ferreira, vogais.

quarta-feira, março 08, 2006

O Sistema Educativo Finlandês



Com a visita do nosso primeiro-ministro, José Sócrates, à Finlândia, tomamos conhecimento das diferenças entre o nosso sistema educativo e o daquele país. Realmente estamos muito longe, senão vejamos: Num país onde escolaridade obrigatória é de nove anos, tal como em Portugal, as crianças entram para a escola aos sete anos de idade e desde logo são-lhe proporcionadas condições de aprendizagem vocacionadas para o sucesso educativo. As autarquias suportam todas as despesas, desde livros, materiais escolares, refeições, transportes e assistência médica. No 1.º ano, os alunos começam a aprender a língua inglesa. Nas turmas em que há alunos com problemas de aprendizagem, há dois professores, um dos quais para ajudar esses alunos. Os conselhos de escola é que seleccionam os professores para o ensino básico e secundário. Estes conselhos são constituídos por representantes das autarquias, dos pais, dos alunos e dos professores. As aulas funcionam com a ajuda do computador e os alunos começam, desde muito cedo, a trabalhar com vários programas informáticos. Os filhos dos emigrantes têm aulas na sua própria língua, sendo os professores seleccionados pelas comunidades estrangeiras ali residentes. As escolas são avaliadas pelo seu desempenho e as que tiverem melhores resultados serão contempladas com um reforço no seu orçamento.

Perante isto, não é de admirar que o sistema educativo finlandês seja considerado um dos melhores da Europa e que, segundo um estudo da OCDE, os alunos finlandeses sejam os melhores em Leitura, Ciências e Matemática.

Sendo a educação um dos pilares fundamentais para o crescimento e desenvolvimento de um país, esperamos que esta visita de José Sócrates à Finlândia contribua para implementação de medidas de fundo no nosso sistema educativo.